sábado, 8 de setembro de 2012

O Círculo-Mágico de proteção

No que consiste de fato o círculo-mágico?

 

O círculo-mágico consiste em um local que será consagrado temporariamente, onde se realizará o ritual. Não é apenas um local demarcado fisicamente pelo “operante”, pois se faz necessário a consagração do mesmo, seguindo preceitos estabelecidos como regra. O objetivo é comunicação com o Outro Mundo, tendo acesso facilitado através de tais preceitos como cânticos-evocatórios, evocações dos Espíritos da natureza e dos Ancestrais, tornando sacralizado o local onde irá se trabalhar magicamente. É importante lembrar que dentro do Círculo não existe divisão entre tempo e espaço, o Círculo-Mágico é de natureza atemporal, onde seria possível se conectar com o Outro Mundo e nossos ancestrais religiosos. O Círculo funciona como um modelo do universo, um molde litúrgico do útero da Mãe terra. Seria como se estivéssemos dentro de seu útero ou numa caverna, ou seja, o que eu chamaria de uma linguagem simbólica do corpo da Deusa-Mãe. O Círculo serve como uma barreira de proteção contra forças nocivas, formas-pensamentos de vibrações negativas, elementais artificialmente criados por mentes em vibrações baixas, “vampiros”, obsessores astrais e outros “seres” do Plano Astral e Mental. Portanto é de muita importância traçar o Círculo, seguindo tais preceitos litúrgicos que consiste em banimento e evocação-ritual. Quase todas as Ordens Iniciáticas mantem seus preceitos de Círculo mágico, seguindo um modelo litúrgico de acordo com suas crenças ou filosofia.

Os fundamentos da consagração de um círculo-mágico: 



A consagração é dividida em dois processos, Aspersão e Defumação. A aspersão está associada aos elementos Terra e Água, e é feita com o Sal (representando o elemento terra) e a Água, ou seja, a famosa “água-benta” que é o mesmo que “água abençoada ou consagrada”. O objetivo do processo de aspersão seria preparar as condições para criar o máximo de ressonância astral do lugar, com os Espíritos do Mundo Subterrâneo (Terra ou Deuses da terra). A defumação está associada aos elementos Ar e Fogo, e é feita com a queima de ervas no turíbulo. O objetivo do processo de defumação é de preparar as condições para criar o máximo de ressonância astral do lugar com os Espíritos do Mundo Superior (Céu ou Deuses do céu). A maior função da consagração do Círculo através da aspersão e da defumação é de acentuar a sacralidade desse encontro (céu-terra) e estimular os níveis sublimais dos participantes. Elevando assim os níveis de consciência de todos que estão participando do ritual.

Sobre uso dos incensos.

O objetivo do incenso é estimular a imaginação mais primitiva que existe dentro do homem. Ele induz ao subconsciente do mesmo, e servirá de chave ou atalho para o acesso ao Universo-Coletivo sustentado pela Egrégora. O olfato é um órgão sensorial que consegue atravessar o cérebro central até as partes mais primitivas do ser. “Trata-se daquela parte do cérebro que nos irmana com os animais e que funcionava nos tempos arcaicos como a base da nossa sobrevivência...”. Na magia o olfato é responsável pelo estímulo das zonas adormecidas do cérebro. Os nervos do olfato estão conectados com o lombo temporal, onde as memórias estão armazenadas. O perfume do incenso desencadeia reações no nível mais profundo do nosso inconsciente, passando pelo cérebro sem ser detectado, e alcançando as regiões obscuras do nossos tropismos. A fumaça que ascende do braseiro simboliza a transmutação da matéria constituída pelas suas ervas e resinas em energia. Existem dois tipos de incensos: os “psicológicos” e os “teológicos”. Os psicológicos agem sobre nosso sistema nervoso central fazendo reagir a parte mais periférica e evolutivamente recente do nosso cérebro, provocando sensações de bem-estar, indutoras de relaxamento físico e psicológicos. Estes são feitos de pau e cone, seria os incensos de vareta, são de fraca composição de resina e muito leves, ou seja são incensos aromáticos. Os teológicos agem sobre nosso sistema límbico, são bastantes fortes no aroma desencadeiam uma grande quantidade de fumaça necessária para as materializações dos Espiritos e para conduzir as evocações do Mundo Invisível para o Mundo Tangível, fazendo reagir a parte mais antiga do nosso cérebro. Os incensos subdividem-se em doces, amargos e fétidos: Os doces são usados para estimular “as forças da prosperidade, do amor, do crescimento, do desenvolvimento anímico, desenvolvimento intelectual e a percepção espiritual”. Os amargos são usados para a limpeza, purificação do ambiente e proteção. Os incensos fétidos, são usados como meio de exorcismo, banimento de negatividade e algumas vezes para evocar forças ou arquétipos atávicos ancestrais associados a deuses de magia com o objetivo de banir, matar, exorcizar e provocar situações de desconforto a alguém através da magia. No caso do Círculo-Mágico o ideal seria “arruda, alecrim e cânfora”, que são considerados perfeitos pra tal preceito. Seria uma mistura de fétido com amargo. Tais ervas também são ideais para asperção.

Sobre a expressão: “Guardar e testemunhar este rito”. 

Durante a conjuração do círculo é comum dizer o termo “...Guardar e testemunhar este rito”, mas muitos não refletem sobre o porque de tais palavras. “Guardar”, não significa proteger o círculo como muitos pensam, na verdade significa conter, ou seja, preservar a Alma-Grupo, conservando assim seu poder de conecção com o Outro Mundo. Manter o pacto com as esferas superiores, ou seja, preservar o poder do círculo contrabalançando com as forças dos Deuses e da Egrégora. “Ao conservar o círculo dentro da esfera áurica da sua essência dévica nós participamos da sua essência e fortalecemos o rito”. Quanto ao termo “Testemunhar”, significa passar em testemunho. Os Poderosos, comungam com o grupo, são como os ancestrais da Arte, “que nos ajudam a sintonizar com a linhagem iniciática” demandando sob o rito as forças atávicas que fluem dos confins remotos do tempo. Portanto, os símbolos e sigilos que são traçados no ar de forma solene, são os códigos que permitem abrir o tesouro da Egregóra. Se forem marcados os símbolos e sigilos corretos e na ordem exata, podemos estar certos de que seremos capazes de abrir o poder latente da memória arcaica dentro da esfera da consciência. Tal memória ancestral só emergirá das profundezes umbrais da alma, se o iniciado trouxer na sua alma os vínculos atávicos e seus impulsos virais no sangue e na carne do seu corpo transfigurado em rito. “Tal trabalho implica passar da fronteira profunda para o Reino desconhecido onde o sagrado se manifesta”. Tal fronteira é guardada pelos “Guardiões, que são os Espíritos que zelam pelo umbral.” Ao unir nossa esfera de vida e consciência á aura desses seres dévicos, será possível sintonizar com a linhagem de uma determinada tradição e seus impulsos do passado remoto. Este trabalho ocorre na mente em nível coletivo, através da sintonização do grupo unido ao da Egrégora. A nossa mente possui as chaves que nos levam a conecção com os outros Planos de existência, ou seja o Outro Mundo.

Esclarecimentos sobre a Egrégora e Alma-grupo. 

Uma egrégora não é um agregado psíquico de indivíduos que fazem parte de um grupo social. Pois ela é sempre criada de cima para baixo, ou seja, “assim como é em cima, também é embaixo”. A egrégora é que escolhe o grupo, e ela é constituída pela união simultânea dos Antepassados e das hierarquias espirituais, que atraem para os seus seios, aqueles que estão em sintonia com seus impulsos de desenvolvimento místico e mágico. A egrégora sem pre age através da substancia vital da alma-grupo, mas isso não significa que toda alma-grupo possua uma egrégora. Um grupo grupo que possua uma egrégora é um grupo contactado, ou seja, um grupo que formou elos espirituais com as hierarquias. Um grupo não possui uma egrégora, e sim a mesma é que possui o grupo, podendo ela ser “boa” ou “ruim”, uma vez que nós somos responsáveis por aquilo que queremos atrair através do nosso pensamento, por isso uma alma-grupo deve ser bem fundamentada, e os participantes tem que vibrar na mesma frequência para que a conecção nunca se rompa, assim como se diz na expressão: “Que o círculo nunca se quebre...”. O que caracteriza o trabalho magístico é a expressão visível de uma entidade coletiva suprassensível chamada egrégora, cujas origens reportam aos clãs dos povos primitivos, sob a superintendência de espíritos totêmicos. A egrégora une sua áurea à áurea dos membros/participantes presentes no rito e estimula suas memórias arcaicas e sua clarividência atávica. Um egregora trabalha com os olhos dos Guardiões do Umbral, que regem seu coventiculo e o corpo dos iniciados, ou seja, o corpo sacerdotal da alma-grupo.

Fonte: Ritos e Mistérios Secretos do Wicca, de Gilberto de Lascariz.

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