quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Pagan Federation

Paganismo ( texto retirado do site oficial da organização Pagan Federation)

Quem agora conhece a antiga linguagem da Lua? Quem agora fala com a Deusa ?...
Só as pedras agora se recordam do que a Lua nos disse há muito tempo, e o que nós aprendemos com as arvores, e as vozes das ervas e dos cheiros das flores...
(Tony Kelly, "Pagan Musings" 1970)

Em todas as Eras tem havido mulheres e homens cujas almas têm sido profundamente tocadas pela Natureza, pessoas para as quais as Estrelas falam do seu gracioso silêncio, para as quais a Lua não é só um corpo celeste, para as quais as plantas e os densos bosques são como as catedrais da alma. Pessoas que amam e respeitam a Natureza, tirando partido dela sem a destruir, pessoas que acreditam que homens e mulheres têm os mesmos direitos e se respeitam. Estes são os Pagãos.

Paganismo é uma forma de vida e é uma religião que tem as suas raízes na pureza da infinita variedade da Natureza, venerando a Divindade Feminina e o seu sagrado Masculino em todos seus aspectos. Um ser humano não se concebe só por um ser, é preciso o lado feminino e o masculino para a criação, ninguém nasce do nada, por isso quem nasce com o sentido Pagão nasce amando naturalmente a Deusa e o Deus seu consorte.

Os Pagãos respeitam todas as pessoas e todas as formas de vida como parte de um Todo sagrado. Cada mulher e cada homem é para um Pagão, um lindo e único ser. As crianças são amadas e honradas. Os bosques, as florestas e as clareiras são o lar dos animais selvagens e das aves, que são tratadas com respeito e carinho.

O Paganismo acentua a experiência religiosa pessoal. Nós procuramos a união espiritual com a Divindade através da harmonização com as correntes da Natureza e pela exploração do nosso próprio interior. Os nossos Ritos ajudam-nos a harmonizar com os ciclos naturais das mudanças das estações e a compreende-los, por isso ocorrem nos Equinócios, Solstícios e nos Pináculos, e nas fases da Lua e do Sol.

Podem-se encontrar uma grande variedade de Tradições dentro do nosso largo espectro e isto reflete a variedade da nossa experiência espiritual. Todo o Pagão é Politeísta por natureza; alguns veneram Deuses e Deusas, enquanto que outros concentram-se numa Força Vital, e outros ainda são devotos de um casal cósmico - Deusa e Deus.

Nós celebramos nossas Divindades, e acreditamos que cada pessoa deve encontrar o seu lar espiritual de acordo com os ditames da tranqüila voz interior da sua própria alma. Também por esta razão nós respeitamos todas as religiões sinceras, e não profetizamos nem procuramos convertidos.

Das outros féis e da sociedade em geral, nós só pedimos tolerância.

Copyright cedido pela Pagan Federation - London , G.B.


domingo, 23 de setembro de 2012

O triângulo místico



O triângulo místico:

Se trata de uma técnica essencial que deve ser aplicada em qualquer trabalho de magia, nele está inserido o Grande Segredo. Se o bruxo ou mago não souber disso, o mesmo não saberá efetuar sua magia

Crença_ Acreditar em si mesmo, em sua capacidade de operar a magia. Acreditar em  sua obra, e faze-la se tornar realidade no plano físico. A segurança em si mesmo lhe tornará poderoso. Portanto, não realize a magia se não for capaz de ter comprometimento com ela ou se estiver cansado ou inseguro de si mesmo ou dela.

Vontade_ Ter forte desejo por aquilo que quer, sua vontade é a essência vital de um feitiço. È muito importante impregna-lo com a vontade; o exercício principal é a concentração no objetivo, o silêncio no ambiente onde se realiza o trabalho, e a elaboração iconográfica do mesmo, caso utilize elementos físicos.

Visualização_ Visualizar a todo o tempo, no ato da elaboração do trabalho, o objetivo já alcançado ou sendo alcançado. Imaginar já pronto, criando imagens mentais, alimentando holograficamente esse desejo. Isto é um segredo em níveis sutis ou quânticos, pois o pensamento é o poder. (reveja a segunda pedra angular da magia)


Fonte: Com bases no que foi escrito pela sacerdotisa americana Lady Sabrina, no seu livro *“Guia prático da Wicca”, página 163,164,165 e 166. ***Notas: Este livro é mais indicado para quem já foi auto-dedicado ou dedicado na Arte da Bruxaria.


 



Pedras angulares



As quatro pedras angulares da magia

Ø  Saber_  Esta é a primeira pedra, que fala do conhecimento mágico adquirido e o que o faz funcionar. Deverá o feiticeiro saber e compreender os fundamentos de sua magia antes de tentar realizar. O conhecimento é um poder, restrito aos sacerdotes e sábios. Por isso não é de fácil acesso, é restrito aos “cultos de mistérios”, para obtê-lo é necessário o sacrifício. Se todos tivessem acesso ao conhecimento da magia, o mundo estaria mergulhado em caos, por  circunstâncias de não estarem preparados para tal conhecimento. Pessoas comuns podem utilizar de esse poder paralelo, para suas vaidades humanas.  Preservar o conhecimento e não comentar sobre ele é um princípio de magia

Ø  Desejar _ Esta é a segunda pedra, que fala em focar atenção e dirigir a Vontade para que o desejo seja manifestado. É preciso realizar a um processo de ressonância com o Universo, para que ele faça sincronicidade. Mas se deve ter cuidado com aquilo que desejamos, pois o Universo é conspirador. Quando desejamos criamos “forma-pensamentos”, projetando holograficamente o nosso desejo ou vontade. Lembre-se o Universo não tem consciência, apenas “responde” de acordo com nossa ação ou melhor dizendo, nossas projeções, “Pois toda ação tem uma reação”

Ø  Ousar _ Esta é a terceira pedra, que fala da coragem de desafiar idéias. É preciso ser capaz de sustentar aquilo em que se acredita. Todo feiticeiro é capaz de conseguir o respeito alheio, assim como as forças que se trabalha. Para isso é preciso alcançar a postura através da disciplina e do comprometimento com a magia. Isso é ousar em ser forte. A disciplina torna-nos fortes para ousar, na hora certa e no lugar certo.

Ø  Silenciar _ Esta é a quarta e última pedra, que fala da importância de ocultar-se e silenciar a boca. O feiticeiro que tem disciplina e conhece seus princípios saberá manter a boca fechada, e não tripudiará sobre as coisas feitas. Quando alguém comenta sobre seu trabalho, automaticamente dissipa a energia e o poder do mesmo. Não se deve envaidecer com um trabalho feito ou se gabar do mesmo. A vaidade faz de um feiticeiro, o grande perdedor de força ou poder, levando-o ao fracasso. Esta última pedra esta ligada a primeira, pelo aspecto de guardar o conhecimento, que esta restrito. Pois a vaidade pertence aos que não sabem utilizar o poder da magia profunda.



sábado, 8 de setembro de 2012

O Círculo-Mágico de proteção

No que consiste de fato o círculo-mágico?

 

O círculo-mágico consiste em um local que será consagrado temporariamente, onde se realizará o ritual. Não é apenas um local demarcado fisicamente pelo “operante”, pois se faz necessário a consagração do mesmo, seguindo preceitos estabelecidos como regra. O objetivo é comunicação com o Outro Mundo, tendo acesso facilitado através de tais preceitos como cânticos-evocatórios, evocações dos Espíritos da natureza e dos Ancestrais, tornando sacralizado o local onde irá se trabalhar magicamente. É importante lembrar que dentro do Círculo não existe divisão entre tempo e espaço, o Círculo-Mágico é de natureza atemporal, onde seria possível se conectar com o Outro Mundo e nossos ancestrais religiosos. O Círculo funciona como um modelo do universo, um molde litúrgico do útero da Mãe terra. Seria como se estivéssemos dentro de seu útero ou numa caverna, ou seja, o que eu chamaria de uma linguagem simbólica do corpo da Deusa-Mãe. O Círculo serve como uma barreira de proteção contra forças nocivas, formas-pensamentos de vibrações negativas, elementais artificialmente criados por mentes em vibrações baixas, “vampiros”, obsessores astrais e outros “seres” do Plano Astral e Mental. Portanto é de muita importância traçar o Círculo, seguindo tais preceitos litúrgicos que consiste em banimento e evocação-ritual. Quase todas as Ordens Iniciáticas mantem seus preceitos de Círculo mágico, seguindo um modelo litúrgico de acordo com suas crenças ou filosofia.

Os fundamentos da consagração de um círculo-mágico: 



A consagração é dividida em dois processos, Aspersão e Defumação. A aspersão está associada aos elementos Terra e Água, e é feita com o Sal (representando o elemento terra) e a Água, ou seja, a famosa “água-benta” que é o mesmo que “água abençoada ou consagrada”. O objetivo do processo de aspersão seria preparar as condições para criar o máximo de ressonância astral do lugar, com os Espíritos do Mundo Subterrâneo (Terra ou Deuses da terra). A defumação está associada aos elementos Ar e Fogo, e é feita com a queima de ervas no turíbulo. O objetivo do processo de defumação é de preparar as condições para criar o máximo de ressonância astral do lugar com os Espíritos do Mundo Superior (Céu ou Deuses do céu). A maior função da consagração do Círculo através da aspersão e da defumação é de acentuar a sacralidade desse encontro (céu-terra) e estimular os níveis sublimais dos participantes. Elevando assim os níveis de consciência de todos que estão participando do ritual.

Sobre uso dos incensos.

O objetivo do incenso é estimular a imaginação mais primitiva que existe dentro do homem. Ele induz ao subconsciente do mesmo, e servirá de chave ou atalho para o acesso ao Universo-Coletivo sustentado pela Egrégora. O olfato é um órgão sensorial que consegue atravessar o cérebro central até as partes mais primitivas do ser. “Trata-se daquela parte do cérebro que nos irmana com os animais e que funcionava nos tempos arcaicos como a base da nossa sobrevivência...”. Na magia o olfato é responsável pelo estímulo das zonas adormecidas do cérebro. Os nervos do olfato estão conectados com o lombo temporal, onde as memórias estão armazenadas. O perfume do incenso desencadeia reações no nível mais profundo do nosso inconsciente, passando pelo cérebro sem ser detectado, e alcançando as regiões obscuras do nossos tropismos. A fumaça que ascende do braseiro simboliza a transmutação da matéria constituída pelas suas ervas e resinas em energia. Existem dois tipos de incensos: os “psicológicos” e os “teológicos”. Os psicológicos agem sobre nosso sistema nervoso central fazendo reagir a parte mais periférica e evolutivamente recente do nosso cérebro, provocando sensações de bem-estar, indutoras de relaxamento físico e psicológicos. Estes são feitos de pau e cone, seria os incensos de vareta, são de fraca composição de resina e muito leves, ou seja são incensos aromáticos. Os teológicos agem sobre nosso sistema límbico, são bastantes fortes no aroma desencadeiam uma grande quantidade de fumaça necessária para as materializações dos Espiritos e para conduzir as evocações do Mundo Invisível para o Mundo Tangível, fazendo reagir a parte mais antiga do nosso cérebro. Os incensos subdividem-se em doces, amargos e fétidos: Os doces são usados para estimular “as forças da prosperidade, do amor, do crescimento, do desenvolvimento anímico, desenvolvimento intelectual e a percepção espiritual”. Os amargos são usados para a limpeza, purificação do ambiente e proteção. Os incensos fétidos, são usados como meio de exorcismo, banimento de negatividade e algumas vezes para evocar forças ou arquétipos atávicos ancestrais associados a deuses de magia com o objetivo de banir, matar, exorcizar e provocar situações de desconforto a alguém através da magia. No caso do Círculo-Mágico o ideal seria “arruda, alecrim e cânfora”, que são considerados perfeitos pra tal preceito. Seria uma mistura de fétido com amargo. Tais ervas também são ideais para asperção.

Sobre a expressão: “Guardar e testemunhar este rito”. 

Durante a conjuração do círculo é comum dizer o termo “...Guardar e testemunhar este rito”, mas muitos não refletem sobre o porque de tais palavras. “Guardar”, não significa proteger o círculo como muitos pensam, na verdade significa conter, ou seja, preservar a Alma-Grupo, conservando assim seu poder de conecção com o Outro Mundo. Manter o pacto com as esferas superiores, ou seja, preservar o poder do círculo contrabalançando com as forças dos Deuses e da Egrégora. “Ao conservar o círculo dentro da esfera áurica da sua essência dévica nós participamos da sua essência e fortalecemos o rito”. Quanto ao termo “Testemunhar”, significa passar em testemunho. Os Poderosos, comungam com o grupo, são como os ancestrais da Arte, “que nos ajudam a sintonizar com a linhagem iniciática” demandando sob o rito as forças atávicas que fluem dos confins remotos do tempo. Portanto, os símbolos e sigilos que são traçados no ar de forma solene, são os códigos que permitem abrir o tesouro da Egregóra. Se forem marcados os símbolos e sigilos corretos e na ordem exata, podemos estar certos de que seremos capazes de abrir o poder latente da memória arcaica dentro da esfera da consciência. Tal memória ancestral só emergirá das profundezes umbrais da alma, se o iniciado trouxer na sua alma os vínculos atávicos e seus impulsos virais no sangue e na carne do seu corpo transfigurado em rito. “Tal trabalho implica passar da fronteira profunda para o Reino desconhecido onde o sagrado se manifesta”. Tal fronteira é guardada pelos “Guardiões, que são os Espíritos que zelam pelo umbral.” Ao unir nossa esfera de vida e consciência á aura desses seres dévicos, será possível sintonizar com a linhagem de uma determinada tradição e seus impulsos do passado remoto. Este trabalho ocorre na mente em nível coletivo, através da sintonização do grupo unido ao da Egrégora. A nossa mente possui as chaves que nos levam a conecção com os outros Planos de existência, ou seja o Outro Mundo.

Esclarecimentos sobre a Egrégora e Alma-grupo. 

Uma egrégora não é um agregado psíquico de indivíduos que fazem parte de um grupo social. Pois ela é sempre criada de cima para baixo, ou seja, “assim como é em cima, também é embaixo”. A egrégora é que escolhe o grupo, e ela é constituída pela união simultânea dos Antepassados e das hierarquias espirituais, que atraem para os seus seios, aqueles que estão em sintonia com seus impulsos de desenvolvimento místico e mágico. A egrégora sem pre age através da substancia vital da alma-grupo, mas isso não significa que toda alma-grupo possua uma egrégora. Um grupo grupo que possua uma egrégora é um grupo contactado, ou seja, um grupo que formou elos espirituais com as hierarquias. Um grupo não possui uma egrégora, e sim a mesma é que possui o grupo, podendo ela ser “boa” ou “ruim”, uma vez que nós somos responsáveis por aquilo que queremos atrair através do nosso pensamento, por isso uma alma-grupo deve ser bem fundamentada, e os participantes tem que vibrar na mesma frequência para que a conecção nunca se rompa, assim como se diz na expressão: “Que o círculo nunca se quebre...”. O que caracteriza o trabalho magístico é a expressão visível de uma entidade coletiva suprassensível chamada egrégora, cujas origens reportam aos clãs dos povos primitivos, sob a superintendência de espíritos totêmicos. A egrégora une sua áurea à áurea dos membros/participantes presentes no rito e estimula suas memórias arcaicas e sua clarividência atávica. Um egregora trabalha com os olhos dos Guardiões do Umbral, que regem seu coventiculo e o corpo dos iniciados, ou seja, o corpo sacerdotal da alma-grupo.

Fonte: Ritos e Mistérios Secretos do Wicca, de Gilberto de Lascariz.

sábado, 1 de setembro de 2012

OS FESTIVAIS PAGÃOS E SEUS RESPECTIVOS NOMES DE ORIGEM E CULTO.




A RODA DO ANO: 


Assim é chamada atualmente a liturgia pagã dos que seguem o paganismo. É de fato uma liturgia muito comum nos movimentos pagãos em geral, e é compartilhada por todos, mas eu particularmente acho um pouco de confusão nisso tudo quanto aos nomes, pois em sua maioria são de origem celta o nome dos festivais do ano e vejo muita gente que seguem outros panteões mesmo assim usarem esses nomes sem refletir seus respectivos significados e de onde vieram.
Um exemplo disso vai de quem segue uma tradição grega ou “panteão greco-romano”, como seria então o nome do Festival de Outono? Mabom?  Mas porque Mabom, se este nome se refere a um nome de uma divindade celta relacionada ao amor, que na verdade é um dos nomes de Angus Mac Óg? Acho que o ideal seria chama-lo de Festival de Outono, ou Festival da Segunda Colheita do Ano e associa-lo a Ceres, a deusa grega da colheita, dos cereais e da agricultura, seu equivalente é Demeter.
Um outro, exemplo disso é o Festival de Imbolg, que é exclusivo de Bright, então logicamente não poderia ser associado a outra Deusa a não ser esta. Mas sabemos que existe outro nome para Imbolg, e talvez seja por esse motivo: “as confusas associações”; Candlemas, dizem que é um nome sincrético, acredito que o seja realmente, mas parece ser bem último para quem adota a Roda do Ano como Liturgia, pois dá pra se aplicar a qualquer panteão, seja ele, grego, romano, etrusco, egípcio, babilônico, etc. Acho que em todas as culturas, sempre terá uma divindade seja ela feminina ou masculina, associada a Anunciação da Primavera, lembrando que o Imbolg ou Candlemas é a celebrado no inverno e seu significado está relativamente associado ao fogo, representado pelas velas, tochas, lareiras, ou seja, o calor. É o festival que anuncia a aproximação da Primavera.
Sei que esse assunto é muito polêmico, mas não estou aqui com o intuito de ofender ou criticar ninguém, mas acho que deveríamos avaliar mais sobre nossa liturgia da Roda do Ano de acordo com o panteão no qual seguimos, pois devemos saber bem à quem estamos evocando no ritual e pra quê?   Acho que isso dará uma boa guinada na nossa Roda e vai a fazer girar de uma forma correta e harmoniosa de acordo com nosso panteão. Encarem isso como uma dica, e não como uma crítica, saibam ousar, mudem o nome dos festivais para ter uma próspera Roda do Ano, incrementem sem misturas todos os elementos ricos que possuem cada panteão de sua tradição pagão, pois todos nós somos filhos da Deusa. 

Agora a pergunta de onde vem esses nomes na Roda do Ano?


   
Simples de responder, foi  Gardner que usou esses nomes na criação da liturgia da Roda do Ano ao escrever o Livro das Sombras de seu Coven. Ele se utilizou de nomes célticos como: Samhain, Imbolg, Beltaine, Lughnassad e Mabon. E usou nomes germânicos, como: Yule, Ostara e Litha. Gerald Gardner quis recriar a liturgia celta, mas tiveram nomes dos festivais celtas no qual ele não conseguiu saber. A quem diga que os celtas não comemoravam os outros festivais, mas como muitos antropólogos e historiadores acreditam que sim, pois isso parecia ser muito comum a todos os povos antigos.  Gardner, então preencheu a roda com os nomes que estavam faltando, e utilizou nomes germânicos, pois as culturas são muito parecidas e acho que a partir d’aí que podemos concluir que ambos os povos celtas e germânicos comemoravam oito festivais no ano. Os nomes germânicos Yule (WEIHNACHTEN) está associado ao Solstício de Inverno, a Deusa Freyja e ao Deus Freyrr, o festival de Ostara é o equinócio de Primavera e está associado a Deusa de mesmo nome, e Litha é o Solstício de Verão, este termo é usado especialmente no calendário Asatru. Então a Roda do Ano no qual muitos usam foi uma criação de Gardner com nomes de festivais celtas e germânico-nórdicos deve ser por isso em diversos livros de Wicca encontramos nomes diferentes.


Outra pergunta: Porque do nome Sabá?

Muitos chamam de Sabás, mas não sabem a origem desse nome, alguns dizem que significa Sábado ( um dia sagrado para os Judeus) , mas pesquisei bem sobre isso e encontrei uma origem etimológica, e acho que este sim é o nome verdadeiro no qual origina o nome Sabá. O nome vem de Sabácios ou Sabázio, em grego (Sabádzios). “Trata-se de um nome frígio e talvez signifique O Poderoso. Sabázio é, pois, um deus oriental, cujo culto tinha, como Baco, um caráter orgiástico. É comumente assimilado a Dioniso no mundo grego e considerado como um Dioniso mais velho, filho de Zeus e Perséfone. (...)     Não pertencendo ao panteão helênico propriamente dito, Sabázio não possui um ciclo mítico pessoal, pelo menos exotérico. É bem possível que, nos mistérios, que se celebravam em sua honra, seu mito fosse revelado.” 
Pois bem, sabemos agora o porque do nome “Sabá das Bruxas”?
Muito foi associado na cultura medieval de que os cultos das bruxas eram cultos ao demônio e tinham orgias. Isso porque os deuses associados a fertilidade dos campos possuíam chifres tinham como sagrado a sexualidade representada através de símbolos fálicos em seu culto. Pode-se dizer que tais deuses da fertilidade, eram celebrados nos festivais da roda do ano como outra face do Deus-Sol, desta vez como Deus da terra e dos campos, os pagãos medievais cultuavam tal face pedindo fertilidade à terra, ou seja, prosperidade à próxima colheita. É obvio que assim faziam seguindo uma longa tradição que vinha desde os tempos pré-cristão.
Nos Mistérios Gregos a divindade Dionísio está ligada a Sabázio, e Dionisio se assemelha ao Cennunos dos Celtas, pois ele também tem Chifres e está associado ao Verão e estados alterados de consciência (êxtase ritual).
Cernnunos é um dos deuses celebrados no Festival de Beltaine e está associado a fertilidade da terra, benção do trabalho (agricultura) e também ao Verão. Tais arquétipos são muitos semelhantes e complexos e talvez só um bom antropólogo, historiador, psicólogo junguiano e um ótimo iniciado pra entender isso.



A RODA DO ANO NA CULTURA CELTA:



A roda como o próprio nome sugere é um símbolo circular e conota exatamente aquilo em que a fé céltica acredita: que o tempo não é linear.
O tempo é cíclico, assim como a vida todos os dias é. O sol se levanta ao leste e se põe ao oeste, todos os dias, isso é o ciclo da vida, morte e renascimento. A roda do ano demarca as estações do ano, que são quatro, a saber: Inverno, Primavera, Verão e Outono. O Deus-Sol passeia durante os 365 dias do ano com sua carruagem solar por essas estações, trazendo-nos, benção, ensinamentos, alegria e até mesmo tristeza. A roda ensina, quando devemos “plantar” e quando devemos “colher”, ela nos ensina a pedir e a agradecer aos Deuses e Deusas que também tem suas passagens na Roda que gira sempre.
A Roda do Ano é muito simples de entender, e traz uma gama de conhecimento empírico, tanto no nível litúrgico, simbólico, como no nível metafísico. O Deus-Sol, nasce, cresce, acasala-se, envelhece, morre e renasce na Roda que gira sem parar, é nela que ele se auto sacrifica todos os anos.     A Deusa-Lua, também está nesta, sendo que “oculta” nos 365 dias (aproximados) que se segue, e só se revela à noite, com sua face lunar, pois são 13 lunações no ano, e cada lunação tem 28 dias, que ao todo são 364 dias (exatos), estas lunações são chamadas de Esbás. Lembrando que nas mitologias celtas sempre é mencionado “um ano e um dia”, que corresponde as 13 luas do ano mais um dia, no qual se obtém 365 dias.
Não se sabe se os celtas comemoravam o Esbath, é certo que se eles comemoravam não utilizavam desse nome, pois não parece ser de origem celta, mas provavelmente tinham um ritual para adoração e culto lunar.     Quanto ao nome Esbá parece ter sido inventado baseando-se no nome Sabá, apenas com o objetivo litúrgico de separar os Rituais Solares (“Sabás”) e Lunares (“Esbás”).
Esses nomes são muito usados por pagãos, principalmente Wiccanos, mas eu particularmente chamo a liturgia da roda do ano de Festivais, não para dizer que sou melhor que os outros, mas apenas para diferencia, já que a origem do nome Sabá é de outro povo, e não celta, como disse antes.
Segue então a Liturgia da Roda do ano Celta na qual eu sigo com seus respectivos nomes e associações em ordem crescente, desde Samhaim ao Equinócio de Outono:




SAMHAIN/SAMONIOS/HOLLANTIDE/ALLANTIDE



Este é um dos Festivais druídicos mais importantes. O último festival do ano, marcando a 3ª e Última Colheita. Ele marca o fim da Metade Clara do ano e início da Metade Escura, ou seja, as forças da Escuridão do Inverno prevalecerão durante os próximos seis meses. Samhain é a última e primeira noite do ano, sendo então o Ano Novo litúrgico druídico. Para os celtas era o início do inverno, pois o ano nasce na escuridão, assim como se diziam os antigos druidas: “Todo nascimento se dá nas trevas”. Samhain está associado Bétula devido significar novo nascimento e também ao Sabugueiro, que é a última árvore do Ogham, o Oráculo das Árvores. A bétula é a primeira árvore do Ogham. O significado do Samhaim, acima de tudo, é o sacrifício de nós à nós mesmo. Momento em que uma escolha deverá  ser feita com precisão, pois o momento é de decisão. E se alguma coisa sair errado, o prejuízo perdurará por todo o inverno. Na época dos celtas, os druidas se reunião com os chefes tribais, se reunindo em conselho para tomar decisões importantes. Todo alimento devia ser estocado, e minuciosamente calculado para que durasse todo inverno, pois um erro de cálculo poderia dizimar a tribo, matando todos de fome.
Na cerimônia do Samhaim, todos os presentes na cerimônia devem se defrontar com o com o Espírito do Sabugueiro. O desafio proposto é “deixar tudo que não serve mais para traz de uma vez por toda e se desapegar as coisas que não são importantes”. Todo esse peso impede a evolução pessoal e espiritual, e não possibilita a travessia ao portal para o Outro Mundo. Esse é o momento de tomar uma decisão importante! 



Samhaim ocorre na última lua minguante do ano, ou seja, na última lunação. Vale ressaltar que o ano celta é lunar, sendo 13 lunações, cada lunação tem uma duração de 28 dias, ou seja, 364 dias, mas sabemos que o ano tem 365 dias, por isso que na mitologia celta se diz um ano e um dia (364+1).
Samhaim é o nome do deus irlandês dos mortos, por isso este é o festival dos mortos, ou seja, “A noite de todas as almas”, por isso no sincretismo existe o Dia dos Finados, sendo o Halloween (dia de todos os santos), o dia anterior ao dia dos mortos. Neste dia é feita a reverência aos mortos e aos espíritos ancestrais, pois o Portal entre o mundo dos mortos e vivos se torna um véu tênue.
Foi na noite do Samhaim que Dagda repartiu o Sídh, em vários reinos e deu de presente o Palácio das Fadas à seu filho Angus Mac Óg. Nesta noite Dagda teve um encontro sexual com Mórrigam, a deusa da morte, do caos, da guerra e das artes mágicas. È uma noite de muita magia onde duas divindades da magia tem um encontro sexual, nesta noite em que houve o encontro o tempo parou e toda a escuridão se aproximou da terra. Nesta noite os Tuatha Dé Danann retornam ao interior da terra, sendo eles os deuses da terra e da fertilidade, a terra apenas mantém a fertilidade latente. Por isso se estocava alimento e havia a última caçada selvagem. O festival também está associado à Cernunnos, pois o gamo perde a galhada e Ele assume sua face escura, tornando-se o “Temível das Sombras.”
Os animais nesta época eram colocados para cruzarem, com o objetivo a darem cria no futuro. Enquanto outros animais eram sacrificados em honra aos Deuses e sua carne era salgada e defumada. Na  noite do Samhaim é tradicional comer carne defumada, frios defumados, maças e cidra. Pois este é o festival das maças, pois este é fruto associado ao Outro Mundo. A maçã é o fruto preferido das fadas e está associado a sexualidade, ao amor, sedução feérica e aliança entre os três mundos, o Mundo dos Vivos, dos Mortos e dos Deuses (fadas). Para o Druidismo existe uma Ilha Feérica chamada “Inis Afalish” ou Avalon, na qual é guardada por nove deusas feiticeiras, sendo uma delas Mórrigam. Este paraíso feérico fica elevado ao outros planos de existência, acredita-se que o Rei Arthur foi levado por Morgana à este lugar. Algumas pessoas acreditam que ele retornará de lá algum dia.
O Samhaim também está associado a deusa Cailleach Beara, pois ela representa o espirito do inverno. Cailleach nasce velha no Samhain e fica cada vez mais jovem até tornar-se uma linda Donzela no Beltane.  O Livro de Lecam (cerca de 1400 E.C.) alega que Cailleach Beara era a Deusa da qual se originaram os povos da região de Kerry. Para os antigos escoceses ela é a personificação do Inverno.
O Samhaim está propício a consulta aos mortos ( através do Ouija e outras formas de necromancia) e aos oráculos (Ogham e Runas). Nesta noite os druidas se reunião com os chefes tribais para consultar o Ogham para obter orientação sobre questões tribais relacionadas a manutenção da tribo, sobrevivência e outras questões politicas. 

SOLSTÍCIO DE INVERNO:



Esta é a noite mais longa do ano. Segundo a lenda nesta noite na colina de Newgrange, Dagda e Boann se encontram. O tempo para, e toda gestação de Boann se passa apenas numa noite. Desta relação nasce Angus Mac Og. Quando Angus torna-se adulto,  Midir conta a Angus que ele é filho de Dagda. Mais tarde Dagda ao repartir o Sidh lhe dá um reino como presente, Angus torna-se então o Rei do palácio das Fadas.                                                          

O Solstício de Inverno está associado ao casamento e a família, por isso a cerimônia ocorre dentro de casa e nunca em uma floresta ou local aberto, devido ao sentido de acolhimento que este festival simboliza. Avelãs, nozes, maçãs, vinhos e salmões são associados à este festival também muito importante. É acendido a “Tora de Yule” para iluminar a noite, homenageando o jovem deus-sol que nasce neste dia. É bom lembrar que a tora é um símbolo fálico, muito comum nas práticas pagãs, e a conotação é de fertilidade. Essa é noite mais longa do ano, a noite em que o “filho da promessa da Luz”, nasceu para um dia iluminar o céu na primavera trazendo de volta o calor, a vida e a fertilidade aos campos.

IMBOLG:



Imbolg é o Festival da Deusa Bright, deusa do fogo, da lareira, do lar, da cozinha, protetora dos animais domésticos e filhotes, protetora das crianças e dos bebês, deusa-mãe. E por ser do fogo, ela é a deusa da forja das espadas, um de seus muitos símbolos é a bigorna. Por ser uma Deusa-mãe e protetora do lar e dos bebês, também está associada ao leite e a cura. Sua relação com o Imbolg, se dá devido, ser o último festival do inverno, seu poder vai aos poucos derretendo a neve. O Imbolg, pode-se dizer, seria o festival da anunciação da Primavera. Bright está também associada a primavera, pois ela vem através desse festival anunciar o retorno da luz do Sol, que gradativamente vai aparecendo e derretendo a neve.

Era de costume entre os bardos, se reunirem nesta noite e contarem histórias, cantarem músicas, recitarem poemas, e dançarem. O ritual de Imbolg, deve ser feito dentro de casa conforme os costumes camponeses, e assim é feito no Druidismo. Leite, aveia, água e grãos estão associados a este festival. Incluindo velas brancas de todos os tipos e formatos com fitas brancas e algumas amarelas, essas são as cores que costuma-se associar a Bright. É de costume, levar objetos do lar e da cozinha para abençoar durante o ritual. Crianças, bebês, gestantes, idosos, animais, filhotes e enfermos são muito bem-vindos esta noite. Inclusive artistas, artesãos, poetas, bardos, cantores e atores também são bem-vindos. Bright também é uma Deusa das Artes, já que ela representa o fogo da inspiração, pois tem o sopro do Awen, dado pelo seu pai, Dágda, o bom Deus.

O fogo de Bright aquece o lar através da lareira, protegendo a todos da escuridão e do frio do inverno, esse calor da lareira também pode ser associado ao ventre de uma gestante, já que Bright é uma Deusa-mãe que anuncia a primavera que se aproxima.
O leite de Bright, nutre os bebês, crianças e dá força aos ossos dos idosos através do cálcio presente no leite. Esse leite maternal e abençoado pode curar os doentes.
É de costume abençoar fitas brancas para levar pra casa, e quando alguém adoecer amarrar na cabiceira da cama onde o enfermo encontra-se debilitado.
Bright também está associada a água, pois durante a forja das espadas e punhais na bigorna, a lâmina é passada tanto no Fogo(inspiração) e na água(purificação), estes são os elementos da transmutação e da temperança. Todo Bardo e Druida deve possuir consigo a temperança, ter o equilíbrio dos opostos dentro de si, devemos conhecer o fogo e a água.
 
Este é o um dos festivais mais importantes no Druidismo, pois agrega a família como um todo, incluindo até mesmo os animais de estimação: cães, gatos, cabras, cabritos, vacas, bois, éguas, cavalos, etc.
Imbolg geralmente é comemorado nos primeiros dias de Agosto.

Imbolg nas outras línguas célticas:
Imbolc, Óimelc, Óimelg.


EQUINÓCIO DE PRIMAVERA/ALBAN EILIR:



É a festa da chegada da primavera, ocorre no Hemisfério Sul por volta de 21 e 22 de Setembro. “Em galês este festival é conhecido como Alban Eilir ou a Luz da Terra, representa o momento de regeneração com as bênçãos dos campos e das sementes.        É quando o dia e a noite se tornam iguais, portanto, uma data de maior equilíbrio e reflexão interior.  É um período de grande atividade e concentração de energia, a fim de assegurar um bom amadurecimento dos frutos recém plantados.  Época de transição e de transformações.  No ápice do Equinócio da Primavera podemos homenagear a Deusa lusitana Atégina, cujo nome significa renascimento,  homenagea-se também à Sucellus Deus da Agricultura, florestas e bebidas e também à Cernunnos, o Deus da fertilidade e da abundância, também o Senhor das Florestas e dos Animais. 
Nessa época costuma-se abençoar a terra, colocando-se ovos pintados no altar, simbolizando a fecundidade dos sonhos e o renascer das esperanças. Os ovos podem ser pintados crus ou cozidos, com símbolos celtas e depois enterrados ou comidos, enquanto mentalizamos nossos pedidos e desejos.”  Outros símbolos como lebres, coelhos, cisnes, patos e outras aves aquáticas estão associadas a este Festival, pois simbolizam o retorno da fertilidade da terra.



BELTAINE:





Quando a primavera chegou as árvores da floresta se enfeitaram com folhas e flores. Freixos e Carvalhos se iluminaram com o sol... E o Mastro de Maio, em homenagem ao Senhor da Florestas e dos Animais, foi erguido com fitas coloridas.
A coruja cantará hoje para lua crescente sob a escuridão da floresta. A tribo se reunirá ao redor da fogueira, para abençoar as ferramentas de trabalho dos camponeses e aldeões.
Os enamorados darão as mãos, pulando as fogueiras, pedindo bênçãos de amor e fertilidade. A virgem já foi escolhida, para dançar ao lado do Senhor da Floresta, representado por um jovem formoso.
As aves sobrevoam as nuvens e os pássaros cantam a cada amanhecer. Os dias vão se tornando mais longos e as noites mais curtas.
A grande festa pagã parece não ter fim. O calor das fogueiras homenageia. O jovem deus-solar, que sorri ao lado da Dama.
Oh! Belenus, venha sempre abençoar o trabalho de nossas mãos. Oh! Belisama, traga contigo o calor do amor. Oh! Cernnunos, venha abençoar a terra com fertilidade, prometendo novos grãos e frutos no dia da primeira colheita.
Oficialmente o Beltaine marca o fim da metade escura do ano, e o início da metade clara; marca o início do verão. É um festival em honra a Belennus, (de onde vem a origem etimológica do nome “Beltaine”, que significa: “Festival de Bel” ou “Festival de Belennus”).
Festival que está associado ao calor, ao fogo e as fogueiras. É o dia que para os celtas era dedicado aos trabalhadores, sendo muito comum levar objetos relacionados ao trabalho para abençoar. Os celtas levavam os objetos de trabalho de campo e agricultura, passavam seus cavalos, porcos, bois, vacas e todos os animais relacionados ao campo.
Este festival está relacionado a “Caçada Selvagem”, que para os celtas e proto-celtas, estava relacionado aos antigos ritos de fertilidade do neolítico, quando o homem da tribo saia pra caçar os animais na floresta com o intuito de sustento e manutenção da tribo. Estes homens antes da caçada relacionavam-se sexualmente com as mulheres da tribo, com o objetivo de procriar e aumentar o número de pessoas na tribo, visto que nesta época, era muito difícil a sobrevivência, e muitos destes homens que saiam para a Grande Caçada Selvagem não retornavam mais, devido aos riscos de vida que corriam na caçada desses animais grandes como exemplo o mamute (animal pré-histórico). Provavelmente, foi destes antigos ritos de fertilidade, que nasceu Cernnunos, deus das Florestas, dos animais selvagens, dos instintos e dos grãos. Pois esse arquétipo, tão comum e inserido no período pré-histórico, está muito bem representado na face de Cernnunos.
Cernnunos,  representa o domínio do homem e dos animais. Ele é os Senhor que conhece os segredos das florestas do mundo, tem domínio sobre a vida e a morte. Deus da caçada e da luta pela sobrevivência. No Beltaine, Cernnunos é reverenciado, como Deus da fertilidade dos campos, como uma força que fertiliza a terra, semeando os grãos e sementes no corpo da Mãe-Terra. Em sua cabeça ele tem chifres de gamo, representando, sua metade homem e metade animal, se assemelha com Pã, Dioníso e Baco, dos romanos e gregos. Até mesmo porque ele está associado as artes xamãnicas e ao a viagem ao Outro Mundo, através dos estados alterados de consciência. Alguns historiadores, relacionam suas representações arqueológicas como um sacerdote-caçador vestido com peles de animais e chifres simulando a Caçada Selvagem, como num grade ritual de fertilidade. E dizem que isso era muito comum na pré-história, baseando-se nas pinturas rupestres, que em quase todas elas era presentado animais sendo caçados por um homem vestido dessa forma.
Sua face de Gamo, está intimamente relacionada Beltaine, porque é nessa época que este animal, “ganha sua galhada” ( o chifre desse animal cresce nesta época do ano). Enquanto no Samhaim, o gamo perde a galhada, no Beltaine ele ganha, ou seja, esta é a época do início da caçada, enquanto no Samhaim, ocorre a última caçada do ano com o objetivo de salgar a carne do animal e estocar para o período do inverno. Cernnunos é celebrado no Beltaine pois ele simboliza a sexualidade dos animais e homens e a fertilidade dos campos.
O dia 1º de Maio, que é conhecido como o dia do trabalho, é uma reminiscência desse culto tão antigo e tão sagrado para os antigos pagãos da europa. E por ser também um culto a fertilidade, representa a coroação do rei. Simbolizando o casamento do Chefe Tribal com a terra, que é compromisso do rei com a tribo, um comum costume político entre os celtas, sempre precedido pelos Druidas, e as todas pessoas da tribo presente. Numa época mais antiga na Irlanda, assim que novo Chefe Tribal era escolhido, sua coroação era feita numa espécie de praça pública diante de todos da tribo junto a uma assembleia de Druidas, onde ele se acasalava publicamente com égua branca, que representava a deusa equina da terra, a deusa matrona do povo gaélico. No fim, a égua era sacrificada à deusa equina, e a carne era assada e servida aos Druidas e todo o povo da tribo. Mais tarde esse a égua foi substituída por uma sacerdotisa, ou seja, uma druidesa que encarnava o mito da deusa equina Etain.

Sobre Belennus e Belisama: 



Belennus foi uma deidade cultuada na Gália, Britânia e nas áreas célticas da Áustria e Espanha (Galícia). A etimologia do nome é obscura. Sugestões incluem "brilhante único, o único luminoso". Ele também pode ser a mesma deidade que Belatu-Cadros.
No período do Império Romano era identificado com Apolo. Existem aproximadamente, 51 inscrições conhecidas, dedicadas a Belenus, concentradas principalmente na Aquiléia e na Gália Cisalpina, mas também se estendem à Gália Narbonense, a Noricum e mais além. Algumas imagens de Belennus às vezes o mostram estando acompanhado de uma mulher, a deidade gaulesa Belisama.
Outras identificações propostas
A deidade-ancestral galesa Beli Mawr pode ser derivada de Belenus, embora seu personagem e atributos sejam diferente. O festival irlandês de Beltaine também pode estar conectado, ou pode derivar da mesma raiz celta, *bel-, "brilhante”. O rei lendário Belinus na História dos Reis da Britânia de Geoffrey of Monmouth é provavelmente também derivado deste deus. O nome do antigo rei britânico Cunobelinus significa "cão de caça de Belenus".

Variante de nomes
§ Belanu, entre os Ligurianos
§ Belanos
§ Belemnus
§ Belenos
§ Belenus
§ Beli
§ Belinos
§ Belinu
§ Belinus
§ Bellinus
§ Belus

Conclusão:

Belenus e Belisama, são deuses solares, associados ao trabalho, a fertilidade e ao amor e casamento, visto que são um casal de deuses. O fogo e os objetos de trabalho estão associados a eles. Foi do nome Belenus que se originou a palavra Beltaine, ou seja, “Festival de Bel”. Dessa forma que acreditam nós os Druidas. Pois Beltaine é o festival do trabalho e da fertilidade, onde todos se reúnem para pedir bênçãos destes deuses para que o verão seja próspero para todos.


SOLSTÍCIO DE VERÃO OU FESTIVAL DE AINE, A RAINHA DAS FADAS:



Este é o festival das fadas, o dia mais longo do ano. Seu poder está ligado a expansão. Tudo que é feito ou dito nesse dia tem um poder muito grande de se expandir e crescer. Há uma grande superstição, de que nesse dia devemos ter muito cuidado com aquilo que desejamos, e até mesmo o que pensamos, pois o poder de se concretizar é muito mais forte.                     É comum acender ascender Grandes Fogueira em homenagem aos deuses as fadas.
Neste festival se reverencia a Deusa Aine a Senhora das fadas e outros deuses solares, também se reverencia a Deusa-mãe terra para pedir-lhe boas colheitas. Não como muitas pessoas pensam, mas existiam entre os celtas Deusas Solares, e no caso de Aine ela era Solar, Lunar e também era a Deusa Mãe-Terra Annu. Neste dia em reverencia a terra, faz se oferenda com frutas e grãos, ascendendo três velas brancas à deusa Aine em seus três aspectos: Annu, Badb e Macha. Pedindo bênçãos e proteção na primeira colheita do ano que se dará no Lughnassadh.

  LUGHNASSADH, 1ª COLHEITA DO ANO:




Lughnassadh é o festival da primeira colheita do ano. Colheita que celebra o amadurecimento dos grãos (corn) de todo o tipo. Festival dedicado em reverência ao Deus-Sol Lugh, o brilhante. A cerimônia de Lughnassadh no Druidismo segue em honra dele e de seus feitos. Visto que Lugh é o Senhor das Habilidades conhecido pelos Tuathas Dé Dannam como o "Ioldanach" (Mestre de Todas as Artes ou Senhor dos Mil Talentos), isso graças a sua mãe adotiva, Tailtui, que lhe treinou em todas as habilidades desde cedo, sendo a “principal responsável em motivar o jovem Lugh a lutar... impelindo desde cedo a praticar esportes e estudar com afinco ao ponto de ficar invencível como guerreiro, virar o mais habilidoso dos artesões e um sábio reconhecido pelo valor da extensão de seu conhecimento enciclopédico.”

Lugh, o deus-guerreiro, sempre amou mais Tailtui, a sua mãe adotiva do que seus pais biológicos. O Lughnassadh foi instituido pelo própio deus como em honra de sua mae adotiva que morre em 01 de agosto. Consolidando-se como data festiva em sua honra a Lugh, com os jogos desportivos, semelhante as “ Olimpiadas gregas”, pois Lugh, sempre se revelou um bom e habilidoso guerreiro e “fã” por todo tipo de desputas.
Lugh também é o Deus do comércio e do artesanato, visto que o mesmo também era um habilidoso artesão. È o Deus-sol e Deus-lua, devido na Batalha de Mag Tuired ter sido chamado de o sol da meia-noite. Foi nesta batalha que Lugh vence seu avô, Balor, do Olho petrificante. Devido a seu brilho e resplendor, a sua força, e boa habilidade na arte da guerra, ou seja, Lugh é também um deus-guerreiro e grande diplomata, pois era filho dos Formorianos e dos Thuatas Dé Dannam.

Lughnassadh ocorre no Hemisfério Norte em 01 de Agosto, e no Hemisfério Sul em 01 de Fevereiro, sendo a primeira Colheita do Ano, logo após o Solsticio de Verão.  O Lughnassadh também pode ser comemorado na Lua Cheia deste mês (Agosto/Fevereiro), pois a mesma está associada a esta divindade, pois Ele também rege a Lua Cheia, Ele é “o sol da meia-noite”, o guerreiro que traz a tona a luz e o poder da vitória; também pode se dizer que ele seja o Senhor da Colheita uma vez que, Ele também é um Tuatha Dé Dannam (deuses da terra). A colheita sob esse aspecto liturgico pode ser vista como a Vitória do “guerreiro-camponês”, que colhe os frutos e grãos da terra para a sustentabilidade da tribo e da casa. A final existe maior vitória para o homem do que conquistar os seus objetivos, graças as suas hibildades e reconhecimento da mesma? Por tanto Ele também é o deus-próspero, aquele que traz a prosperidade e a riqueza da tribo.


Lugnassadh em outras línguas célticas:

Lugnasad; Lughnassadh; Lúnasa; Lùnasdain; Lùnasdal (variações do gaélico irlandês),
Lunasduinn (gaélico escocês), Laa Luanistyn; Laa Luanys (manês).
E é também conhecido como Lammas’Day; Garland Sunday; Domhnach Chrom Dubh; Crom Dubh Sunday.

EQUINÓCIO DE OUTONO OU ALBAN ELFED:





Neste festival comemora-se a 2ª Colheita do Ano. Os antigos druidas se reuniam para calcular qual dia cairia o próximo festival, ou seja, o Samhaim, que ocorria na última lua minguante do ano. Alban Elfed é celebrado em 20 de março no Hemisféro Sul e 22 de Setembro no Hemisfério Norte. “Este festival é ideal para pedirmos por todos aqueles que amamos, além de todos os que estão doentes ou velhos.” Ocorre entre o primeiro festival da colheita (Lughnasadh) e o último festival da colheita e do ano (Samhain), marca o início do outono, “dia santo pagão de descanso da colheita e comemoração, uma época de agradecimento aos Deuses por tudo o que foi colhido e caçado. É uma época de equilíbrio, onde o dia e a noite tem a mesma duração. Este é o dia de ação de graças pagão.”  Por isso se oferece em sacrifício à Crom Cruach leite e grãos sobre a terra, e com o cajado, o druida bate sob a terra gritando o nome sagrado dele. É o momento para agradecer os deuses da terra, os deuses ancestrais por toda a riqueza desta colheita, agradecer pelos frutos do outono, pelos grãos. Legumes e tubérculos. Também é costume retirar um tempo para dar uma atenção à sua casa, como “consertar objetos estragados, restabelecer os estoques ou simplesmente fazer uma faxina.” É literalmente a foice de outono levando tudo àquilo que não serve mais e que não nos faz bem, também se pode lançar ao fogo do caldeirão pedindo pra que as coisas ruins sejam banidas. 
O festival de Outono está associado a Crom Cruach ou Cromm Crúaich, também conhecido como Cenn Cruach ou Cenncroithi , uma divindade gaélica. Crom Cruach é uma divindade associada a fertilidade da terra, onde em seu culto é comum oferecer em sacrifício leite (derramando à terra) e grãos.

A representação artística de Crom é uma figura de ouro cercado por outras figuras em bronze ou pedra. Devido ao metal e símbolo circular de uma imagem (Crom Cruach) no centro rodeado por outras ele foi associado também como divindade solar. É bom ressaltar que o fato de ser um deus da fertilidade e da terra ele também pode ter ligação com o sol de outono, pois a fertilidade da terra depende da luz solar para que tenha vida (fertilidade).             O deus-sol na cultura celta é manifestado de várias formas, tal arquétipo encarna em diversos deuses e até mesmo deusas como Aine a Rainha das Fadas que é reverenciada no Solstício de Verão. Na wicca, em geral, as tradições nomeiam esse Festival como Mabon (Mêi-bom). No Druidismo ele pode ser chamado de Alban Elfed (Luz de Outono) em galês, ou Equinócio de Outono, como de costume em vários grupos druídicos no Brasil. O nome Mabon é outro nome para Angus Mac Óg, deus do amor, da beleza e do sol. Angus é filho de Dagda e Boann, seu nascimento mítico se dá no Solsticio de Inverno, representando ele a criança da promessa da luz. Angus Mac Óg é também um deus-solar, por isso está associado a beleza.

Autor: Phênix Belgäe

http://www.amadeuw.com.br/livro.php?c=60&id=1084&t=Mitologia+Grega+-+Vol.+I&pagina=104

http://www.templodeavalon.com/modules/mastop_publish/?tac=Celebra%E7%F5es_Solares