domingo, 15 de julho de 2012

Sobre o Druidismo









O Druidismo é uma religião pagã que teve origem entre os povos Celtas. Como qualquer religião pagã, teve suas bases na agricultura e na observação nos ciclos da natureza. O Druidismo como religião é um caminho sacerdotal, iniciático, politeísta e xamãnico. O nome Druidismo vem de druida. A palavra druida significa "aquele que possui a sabedoria do Carvalho", em outras palavras druida significa feiticeiro, xamã que com cânticos, danças rituais, encantamentos e manipulação de ervas entra em contato com o Outro Mundo, sendo então um intercessor entre o mundo dos Deuses e dos homens. Os druidas do passado, também era muito consultado nas questões tribais (política), uma vez, os druidas e bardos tinha o compromisso de guardarem toda as Leis tribais e manter toda a cultura. O treinamento druídico consistia em decorar toda Lei tribal que era passada desde os tempos remotos, toda magia da natureza, entender os ciclos da vida e manter o equilíbrio das tribos era a função de um druida. A iniciação de um druida dura por volta de 21 anos. Os druidas de hoje mantem uma posição diferente na sociedade, pois os povos Celtas não existem mais. E hoje o druidismo renasce através da vontade de seus seguidores.

O Druidismo e a crença no Outro Mundo

O Druidismo acredita em vários deuses e deusas, que regem a natureza e seus ciclos de morte-vida-renascimento.  Esses seres divinos (Far), pertencem ao Outro Mundo (Sìdh). O Sìdh seria um mundo paralelo ao que vivemos, embora não esteja separado. Acredita-se que possamos acessa-lo a qualquer momento. O vínculo com esse mundo foi perdido devido ao "novo conceito" que afastou o homem da crença nesse Outro Mundo e que levou a "descrença" no mesmo. Através da teoria da física quântica e da teoria dos Universos Paralelos ou dimensões (já comprovada) , é possível explicar a existência desses Mundos Paralelos, e o porque o homem perdeu o vínculo. Esses estudos científicos,  auxiliam e estão perfeitamente em acordo com o que o Druidismo sempre acreditou no longo dos tempos. Apenas provam, o que já constatávamos. Os druidas sempre foram voltados ao estudo das ciências e da fisiologia da natureza.

Voltando a falar dos "deuses", acreditamos que estes controlam os ciclos da natureza, pois Eles são os próprios ciclos. Pois os Deuses, em nível filosófico, poríamos dizer que são apenas símbolos-chaves do inconsciente coletivo ancestral de um povo, ou seja, arquétipos.
Não são bons e nem maus, no Druidismo não existe a crença em bem ou mal e nem separação de uma entidade "boa" ou "má", não acreditamos em demônios.
Outra característica dos deuses é de que não somos controlados por eles, nossos destinos é de nossa responsabilidade. Nós somos livres pra escolher aquilo que queremos, temos verdadeiramente o "livre arbítrio". Não somos nem "escravos" e nem "servos" de nossos deuses, não somos "marionetes" que vivem a mercê da "Vontade Suprema", a vontade é nossa, talvez seja por isso que somos bruxos ou magos, pois realizamos a nossa vontade e consequentemente podemos manipular a vida e as pessoas ao nosso redor, claro sem interferir no Karma dos outros, pois isso antiético em parte. Pois nós somos responsáveis por nossos atos e por nós mesmo. É certo que "toda ação terá uma reação" esse é o princípio natural da Lei de causa e efeito. O que fazemos retornará para nós. O que "lançamos " para o universo receberemos de volta. A velha agricultura nos ensina a mesma coisa, se plantarmos arroz colheremos arroz.
Os deuses podem se manifestar de várias formas para os seres humanos, materializando-se ou não. Os antigos dizem que as "fadas" conhecem a magia da transmutação, conhecida como “glamour magic”.  Eles tomam forma até mesmo de pessoas conhecidas, se passam por elas e atuam em nossas vidas por inúmeros motivos. Podem aparecer com asas, podem aparecer comobelos jovens ou até mesmo velhos ou mendigos. Essa seria uma das forma, dos deuses entrarem em contato conosco ou apenas se manifestarem em nosso meio. A palavra fada que teve origem no gaélico antigo "far" que significa "ser", deu origem a palavra "fary" em inglês, usada para se referir a estes seres do Outro Mundo (segundo a mitologia Irlandesa e Galesa).
Em português a palavra "fada" está no feminino, diferente do inglês em que ela pode estar tanto no masculino como para o feminino. No francês também ocorre o mesmo, "fée" está no feminino. Tal palavra hoje é usada para se referir a "seres elementais" o que é um grande erro, pois fadas são deuses, e tal palavra tem uma conotação moderna. Em geral ao se dirigir aos deuses não os chamamos de fada, pois estes se sentem ofendidos, já que a palavra foi tão "marginalizada" e com conotações inferiores ao que Eles representam.

No Druidismo também acreditamos em reencarnação. Pois quando morremos, antes de retornar a este Mundo, viajamos pelo Outro Mundo. Ao ficar por lá por um tempo indeterminado, ao retornarmos tomamos posse de um outro corpo na concepção do nascimento, mas a alma permanece a mesma, pois ela é imortal. Acreditamos na Lei de causa e Efeito, como já foi dito antes. Acreditamos que morreremos e renasceremos, e podemos vir na forma de um animal, planta ou ser humano. Não somos melhor e nem piores que os animais e plantas, e sofreremos as consequências de nossos atos numa mesma vida, ou em uma outra.


O Druidismo e o Universo. - "Todo nascimento se dá nas trevas"

Para nós os druidas o universo é cíclico, assim como qualquer coisa existente na natureza. Tudo nasce, morre e renasce, somente os deuses não morrem. Nunca existiu o "início" do Universo e por tanto nunca existirá o "fim". O universo que conhecemos hoje teve um início cíclico na "Grande Explosão", e um dia irá retroceder ao seu ponto "primordial", causando consequentemente um Caos que o levará ao fim deste ciclo e logo após dará origem a outro, pois toda natureza é regida pela Ordem e pelo Caos.  Pra que haja Ordem é preciso que primeiro ocorra o Caos, para que exista primeiro a Luz é necessário que primeiro haja Trevas. Não há nascimento sem dor ou escuridão, pois "Todo nascimento se dá nas trevas".

Tudo na natureza está interligado, e não existem separações disto ou daquilo. Não existe bem ou mal. Quando há uma catástrofe na natureza, não significa que os "deuses" estão zangados conosco, pois a natureza é cíclica, e é dessa forma que ocorre as mudanças na face da Terra e em todo o Universo. Não há o porque nos questionarmos, não que isso seja ruim, mas não devemos ficar com medo pensando que os "deuses" estão nos punindo. Uma catástrofe natural, não é um apocalipse, mas pode ser a resposta da "Mãe-Terra" nos alertando sobre aquilo que fizemos com ela, pois nos esquecemos de que a "Terra" é um organismo vivo, e que deveríamos respeitar mais. Mas fomos forçados a acreditar que os animais e as plantas são "inferiores" e que nós somos os donos deste mundo. A ganância levou o homem a explorar as riquezas da terra, isso tudo porque o egoísmo nos levou a perdição, e não nos demos conta de que o que tínhamos era o suficiente para a sobrevivência neste planeta tão belo. Essa é uma das questões na qual o Druidismo tem compromisso, com o resgate da comunhão do homem e o Universo. Em todas as religiões pagãs, seus sacerdotes e seguidores amam a "natureza", e lutam com o objetivo de proteger nosso lar.
Por entendermos a fisiologia do universo, por isso se preocupamos em preservar aquilo que temos, através do respeito e amor ao nosso planeta. Essa é a nossa visão do universo.

 

"Os Druidas", Sacerdotes–Xamãs dos Celtas

Por Alan Impelliceri - Diretor de Nova Acrópole na Irlanda

Muitas das informações que temos sobre os druidas vieram dos gregos e romanos. Estes ficaram profundamente impressionados, de modo favorável e ao mesmo tempo desfavorável, por seu dramático sacerdócio. Seu próprio e original nome, dru–wid–es, quer dizer "os que vêem mais além", denominação que poderia aludir a visões proféticas, a uma qualidade clarividente, ou à mais antiga "visão xamânica durante o vôo".
Conta-se que o Rei Ailill, da Bretanha, enviou o seu druida Mac Roth para averiguar onde estavam se reunindo os exércitos do Ulster (Irlanda) e que Mac Roth voou sobre eles e observou seus movimentos sobre uma grande área do terreno. Entretanto, para uma comprovação mais convencional de suas missões, devemos nos referir ao irmão de César e às notícias que deu a seus compatriotas: "Os druidas realizam culto aos seus Deuses, regulam os sacrifícios públicos e privados e editam normas sobre todas as questões religiosas. Muitos jovens vão até eles em busca de instrução. São mantidos com grande honra pelo povo e atuam como juízes praticamente em todos os conflitos, seja entre tribos ou entre indivíduos; quando se comete algum crime, ao ocorrer um assassinato ou ao surgir uma disputa por herança ou fronteira, são eles que opinam sobre o assunto e assinalam a compensação."
Crê-se que a doutrina druida surgiu na Bretanha e, a partir desta, foi introduzida na Gália. Ainda hoje, aqueles que querem fazer um estudo profundo sobre o tema geralmente vão até a Bretanha.
Os druidas estavam dispensados do serviço militar e não pagavam impostos como os outros cidadãos. Naturalmente, esses importantes privilégios eram muito atraentes; muitos se apresentavam voluntariamente para estudar esta ciência, e outros eram enviados por seus pais e familiares.


Dizem que os alunos deviam memorizar um grande número de versos, tanto que alguns levavam até vinte anos de estudos. Uma lição que lhes exigia um verdadeiro esforço de assimilação era a noção de que a alma não perece, mas que, depois da morte, passa a um outro corpo; os druidas pensavam que esse era o melhor incentivo para o valor, porque ensina o homem a não temer a morte. Mantinham longas discussões sobre os corpos celestes e seus movimentos, o tamanho do Universo e da Terra, a constituição física do
mundo e o poder e as características dos deuses; os jovens eram instruídos em todas essas matérias.
O grego Diodoro Sículo considerava-os grandes filósofos no que se refere a assuntos de religião, e Plínio escreve que eles eram "adivinhos e físicos", parte de um grupo mais amplo a que denominava "magos".
Os druidas eram versados em todos os estudos e tinham o dom da profecia; eram mestres de feitiçaria e de magia e podiam produzir brumas misteriosas, mudar de aparência e fazer outros encantamentos quando fosse necessário. Também podiam impor o geis, uma espécie de tabu mágico que era, ao mesmo tempo, uma ordem e uma proibição, e não podia ser transgredido sem se incorrer em pena de morte ou em desonra.
Ward Rutherford, em seu livro Los Druidas, adverte que eles não eram sacerdotes ordinários e acredita que a pessoa que os romanos tomaram como um sacerdote seria mesmo um chefe local, que às vezes era considerado Deus–Rei–Sacerdote. Se está certo esse autor e os druidas não eram meros sacerdotes, então estamos diante de uma tradição extraordinária, que perdurou durante vários milênios, de xamãs-sacerdotes-magos, um grupo de homens que vagavam livremente sem que fossem impedidos por quaisquer limites tribais.
Possuíam conhecimentos de Ciência, Matemática, Botânica, Medicina e Astronomia; eram encarregados da nomeação dos reis (o rei velho era, com freqüência, morto ritualmente antes que fosse eleito um novo); faziam sacrifícios rituais; ensinavam oralmente uma doutrina secreta, bem como conhecimentos tradicionais, terminantemente proibidos de serem escritos. Possuíam um poder misterioso que o grego Laércio compara com os magos persas, com os caldeus da Babilônia e da Assíria e com as sementes do hinduísmo.
Rutherford assinala também que o termo "mágico", tal como era usado então, designava um possuidor de sabedoria. Os magos eram conhecidos como os "sábios", e esse aspecto do fenômeno druida é o que falta freqüentemente nas considerações modernas.
Quando Roma conquistou as Gálias, no último século antes de Cristo, o que César temeu foram os druidas e suas influências. Acreditava na possibilidade de fracasso caso esses sábios se unissem contra ele. Em conseqüência, introduziu medidas repressivas, e os druidas foram forçados a fugir para regiões remotas, como Inglaterra, Irlanda e Gales, onde não seriam incomodados.
O modo de vida celta continuou na Irlanda até o século XVI (mesclado com o cristianismo), e existem indícios de que alguns druidas conservaram sua influência ao menos até o século XVII; acredita-se ter São Patrício falado com um deles. Entretanto, por volta do século X, desapareceram para sempre.

O XAMÃ REDESCOBERTO

Os druidas não surgiram de improviso. Suas origens não só estavam ligadas à antiga Índia, mas também eram o resultado de uma vasta tradição que remonta à idade da pedra ou quem sabe antes. A deidade, o homem e a terra eram sentidos como um só, o "três em um", que viria a ser também um tema celta. O sentimento em relação à terra penetrava por meio de forças divinas, e a união expressa em cada folha e em cada pedra era tão real para os celtas como foi para os povos mais antigos. Também se fez presente um certo sentido de unidade com a vida animal. De acordo com Anne Ross, escritora que trata sobre os druidas em suas obras, o famoso druida Mac Roth vestia "...a pele de um touro pardo sem chifres, um chapéu de plumas de pássaros pintadas e asas, com as quais realizava um vôo xamânico." A partir disso, podemos estar seguros de que o xamanismo ainda estava sendo praticado, e que o touro representava o animal guardião com o qual o Xamã em questão se identificava.
Podemos recordar aqui o papel do Xamã e o seu significado. O Xamã era o que trazia o conhecimento das muitas dimensões do ser. Por meio de sua "viagem" ou "vôo", incutia em seus seguidores a noção de que todas as coisas têm seu ser, tanto nesta dimensão da vida diária como em outras, de cuja existência não se teriam apercebido totalmente. O Xamã era o exemplo vivo de alguém que podia mover-se de um nível de consciência a outro, e sua autoridade baseava-se nesse poder.
A identidade do Xamã com um animal sagrado foi bem documentada na época dos celtas. Em muitas histórias, o Xamã convertia-se em touro, cervo, porco, lebre, pássaro ou peixe e, com essa natureza, entrava no "estado de sonhar", em que os aspectos de animal e Deus existentes no homem se unificam e emergem em uma esfera fora do tempo. A tradição de ter um animal como guardião permanecia profundamente enraizada na consciência celta, e o herói confiava nesse poder. Isso representava sua outra dimensão, e a ajuda emanada dessa força era, amiúde, uma expressão de agradecimento pelo respeito a ela manifestado. Os celtas também utilizaram a arte para representar os animais como guardiões dos espíritos. Na Bretanha, o porco era um animal popular, aparecendo nos escudos (como protetor) e nos penachos, e sozinho nas pequenas imagens. Na Ibéria, grandes pedras esculpidas como porcos foram colocadas dentro dos castelos fortificados. O cavalo e o touro foram animais também inspiradores de fortes sentimentos. Em função do "sonho do touro" do druida, um touro branco foi sacrificado em Tara, na Irlanda, durante a escolha de um rei. Uma estátua de um touro de três chifres foi encontrada na Maiden Castle, enquanto que na Gália cultuava-se o porco de três chifres. Os poetas irlandeses dos primeiros tempos portavam mantos xamânicos e plumas de aves para mostrar sua afinidade com alguns pássaros em particular, possivelmente tomados como guardiões dos espíritos.

REENCARNAÇÃO

A crença celta na reencarnação estava implícita em sua despreocupada atitude perante a morte, o que constituía um ensinamento druida. Os celtas asseguravam com firmeza que a morte era uma simples pausa de uma longa vida e, conseqüentemente, lhe tinham muito pouco temor, segundo o testemunho de César: "As almas não morrem, mas passam, depois da morte física, de um corpo a outro; e essa crença de morte da alma, assim como o próprio temor à morte, estão, por eles mesmos, descartados, o que, asseguram, é o maior incentivo para infundir valor".
A doutrina celta da reencarnação está bem descrita por Taliesin, o poeta–guerreiro, na Batalha dos Arboles. O mesmo assegurava ter vivido muitas e variadas vidas, seja como humano, seja como animal, e ter presenciado a maioria dos grandes acontecimentos da história da Irlanda.
Assim declara:

Eu tive muitos corpos
Antes de conseguir uma forma agradável
Eu fui uma gota no ar
Eu fui uma estrela brilhante
Eu fui uma ponte para transpor rio de três leitos
Eu viajei como uma águia
Eu fui um barco no mar.

O canto de Amergin, um poeta muito antigo, parece ir na mesma linha, mas com a profundidade ampliada de que "ele formava parte da natureza de outras coisas e de outras criaturas, e de que isto o uniu totalmente ao Universo, em completa paz espiritual e superior sabedoria".

Eu sou o vento que sopra sobre o mar,
Eu sou a onda do mar,
Eu sou a profundidade do mar,
Eu sou o touro das sete batalhas,
Eu sou uma águia sobre a rocha,
Eu sou uma lágrima do sol,
Eu sou um hábil marinheiro,
Eu sou valoroso como o javali,
Eu sou um lago no vale,
Eu sou palavra de sabedoria,
Eu sou espada afiada ameaçando um exército,
Eu sou o Deus que ilumina a cabeça,
Eu sou aquele que projeta luz entre as montanhas,
Eu sou aquele que antecipa as fases da lua,
Eu sou aquele que ensina onde se põe o sol.

Graves assinala que os versos mais comuns, "eu fui" ou "eu sou", também se referem ao ciclo anual e contêm séries completas de símbolos para todo o ano, ainda que deliberadamente confusos, com o objetivo de que o segredo não fosse descoberto.
Entretanto, como é uma só a deidade responsável por todo o ciclo anual, podemos estar seguros de que é o poeta–deus quem está descrevendo a existência de seu modo particular.
Tão sutil fluidez desconcertou os lógicos romanos e, desde então, tem confundido muitos estudantes, porque não concorda com os conceitos latinos e semíticos. Os celtas entendiam suas próprias vidas e mesmo o Universo como guiados pelo simples movimento interno. Desse modo, não acreditavam na dualidade entre bem e mal, não havia lugares como o inferno nem uma justiça que se administra depois da morte. O yin e o yang chinês, também representados pelo branco e preto, são pares primários e ativos, tais como o masculino e o feminino, o eu e o outro. Quando esses dois princípios opostos estão perfeitamente equilibrados, produz-se uma energia harmoniosa chamada ch’i; quando se encontram em desequilíbrio, opera uma força chamada cha, indicadora de que as energias se separam e não estão em movimento. Os celtas eram conscientes de uma necessidade inata do ch’i, o que pode ser a causa de terem os druidas realizado todas as suas cerimônias ao ar livre, próximo à água e entre as árvores. Seria inútil pretendermos buscar entre os celtas, sutis e de idéias rápidas, algo tão formalizado e estruturado como um princípio ou uma refinada doutrina da reencarnação. Os celtas viviam suas crenças e não as materializavam em objetos concretos. Seu conceito de tempo não era o nosso, seja em relação à vida ou à morte.
O trovador bretão começaria sempre: "Era uma vez, quando o tempo não existia, e então...". Eles viviam de acordo com os mitos, que "não é o relato dos feitos, senão o próprio desenvolvimento dos feitos". Seus mitos podiam ser compreendidos em qualquer nível, segundo a capacidade do ouvinte, como um completo conto de fadas, uma mudança de forma com um objetivo mágico, uma visita a outros mundos ou uma união com a deidade.

O NÚMERO TRÊS

Possidônio de Apaméia diz que os druidas "ensinaram muitas coisas aos nobres da Gália em um período de instrução que podia durar até vinte anos, reunindo-se em segredo em uma caverna, em longínquos bosques ou vales". César acrescenta que os druidas ensinavam em tríades – versos de três sentenças ou frases. Essa tradição manteve-se na
Irlanda até a conquista inglesa. O número três era de uma importância obsessiva para os celtas. Há deusas e deuses de três cabeças. As deusas da colheita – as Matronas – são sempre representadas em tríades, da mesma forma que a “malvada” (temível) Mórrigan.

Os heróis também podem aparecer três vezes na mesma aventura, com diferentes nomes e sob diferentes personagens, produzindo tal confusão que é uma tentação abandonar-se a história completamente irritado. Para nosso mundo materialista, a magia esquiva, irracional e mutante dos celtas está fora de lugar, e só quando afastamos nossos limites e nos permitimos existir em uma dimensão mais intangível aparece algo dessa magia.
Talvez o mais elevado significado dos deuses de três rostos e da grande reverência pelo número três relacione-se com a crença encontrada também no análogo hinduísmo. Neste, os três deuses chamados Brahma, Vishnu e Shiva formam uma tríade que representa três aspectos da Suprema Realidade. Brahma é o criador, Vishnu, o conservador e Shiva, o destruidor do mundo, sendo necessário este último para a nova criação. Podemos encontrar as três atividades em nossas vidas. O ciclo completo da existência, simbolizado por uma trindade divina, é comum em muitas religiões antigas. O símbolo celta para o "três em um" era o triskele, uma espiral bidirecional similar ao yin e yang, mas com uma terceira espiral acrescida, a qual foi chamada pelos alquimistas "o Fogo Secreto". O triskele era um símbolo arquetípico de grande poder e foi representado em todo o mundo celta.



O Druidismo como tradição oral.
Os antigos druidas não escreviam, apenas passavam a tradição oralmente. Preservam muito o exercício da memória. Talvez fizessem isso por medo das interpretações errôneas, e porque preservavam seus segredos. Os druidas conhecem bem o valor da palavra e o poder que ela exerce, isso fez do druidismo uma tradição oral sigilosa aos druidas, bardos e ovates. Por isso não há e nem haverá uma referência literária, como uma espécie de livro ou compilação.
Mas infelizmente no decorrer da história, houve um tempo de perseguições que contribui muito para quase que total perda do druidismo. Todavia, há muitas referências de autores antigos, na sua maioria romanos. Foram escritos durante o período das invasões romanas. Ao invadirem as Gálias, Julio Cesar e outros romanos e gregos (alguns historiadores da época), escreveram sobre os celtas das Gálias e sobre os seus sacerdotes, alguns com desdém e hostilidade e outros com simpatia e respeito, devido o culto se aproximar muito dos tempos primitivos de Roma e Grécia. O documento mais famoso é o "De bello Gallico", escrito em latim por Júlio Cesar. Nesse livro ele faz uma narração a respeito dos druidas e da conquista das Gálias. É bom levarmos em consideração que a "história é contada pelos vencedores" e que de fato Cesar ao escrever só se preocupou em narrar com desprezo e ironia. Hoje existe um estudo feito a respeito desses fatos, atualmente os arqueólogos e historiadores, estão realizando escavações e investigação a respeito dessa relação de Roma e Gália. Pelo que parece os interesses de Júlio Cesar era as riquezas das Gálias. Já foram encontrado vários objetos de ouro pertencente aos celtas.
Mas podemos dizer que não só a historia foi "narrada pelos vencedores", pois temos "cartas na manga", quando se deparamos com narrações sinceras e de muita simpatia e respeito com os druidas.

Narraçã de J.Cesar em "De Bello Gallico":

"Eles (os Druidas) dispõem sobre coisas sagradas, são encarregados de sacrifícios públicos e privados, e explicam sua religião. Para eles recorrem um grande número de jovens, a fim de adquirir instrução, e eles (os Duidas) são considerados de grande honra (...) Mas há um que preside sobre todos esses Druidas ( o Arquidruida), o qual possui suprema autoridade sobre eles. Após sua morte, se um deles mostra-se excelente em dignidade, torna-se o sucessor: mas se vários tem iguais pretensões, o presidente é eleito pelos votos dos Druidas, às vezes eles até disputam a suprema dignidade por força de armas.
Em uma certa época do ano, eles se reúnem em assembleia em um ponto nos confins de Carnutes, a qual é considerada região central de toda Gália. Quando todos estão lá, aqueles que tem quaisquer disputas, vêm juntos de todas as partes, e consentem nos julgamentos e decisões deles (dos Druidas). Acredita-se que a instituição dos Druidas se originou da Bretanha, e foi então introduzida na Gália, e mesmo agora, aqueles que desejam se tornar mais familiarizados com ela, geralmente se dirigem para lá a fim de aprendê-la (...) Eles também debatem muito com relação as estrelas e seus movimentos, a magnitude do mundo e da terra, a natureza das coisas, a força e o poder dos deuses imortais, e instruem a juventude em seus princípios (...)

Algumas imagens de imenso tamanho, cujos braços e pernas, entrelaçados com galhos de árvores, eles preenchem com homens vivos, e ateiam fogo aos mesmos, e os homens, cercados pelas chamas, são dessa forma executados.
Eles acham que a punição daqueles que foram apanhados roubando ou pilhando, ou realizando qualquer outro ato perverso, é mais aceitável aos deuses imortais; mas quando há escassez de tais malfeitores, eles recorrem até mesmo à punição de inocentes...
Quando eles são vitoriosos, eles sacrificam os animais capturados; e empilham as outras coisas em um lugar. (...)"

Narraçao de Cícero (106-43 a.C):

"E também não é a desconsiderada a prática de adivinhação até mesmo entre tribos incivilizadas. Se de fato há Druidas na Gália - e há, porque eu mesmo conheci um, Diviaticus, o Eduin, seu hópede e elogiador. Ele declara ter o conhecimento da natureza que os gregos chamam de "fisiologia", e costuma fazer previsões, às vezes por meio de augúrio e às vezes por meio de conjetura."

Narração de Diodorus Siculus ( 21 a.C)

"A doutrina pitagórica prevalece entre eles (os gauleses), ensinando que as almas dos homens são imortais e vivem de novo após um número fixo de anos habitando em um outro corpo...
E há entre eles (os gauleses) compositores de versos que eles chamam de Bardos; estes cantam com instrumentos semelhantes a uma lira, alguns aplaudem, enquanto outros criticam (...)
Quando eles tentam adivinhação sobre assuntos importantes, eles praticam um costume estranho e incrível, pois eles matam um homem com uma punhalada na região entre o abdômen e o peito, e após sua queda, eles predizem o futuro pelas convuções de seus braços e pernas e pelo derramamento de seu sangue, uma forma de advinhação na qual eles têm total confiança, porque é tradição antiga." Histórias, V, 28 e 31


Narração de Strabo (64/3 a.C - 21 d.C)

"À sua simplicidade e veemência eles juntam muita loucura, arrogância e amor por ornamentos. Ao redor de seu pescoços eles usam colares de ouro (torc), e em seus braços e pulsos eles usam braceletes, e aqueles de boa posição social se vestem de roupas tingidas, adornadas com ouro. Sua natureza inconstante e impressionável os fazem intoleráveis na vitória e tímidos na derrota. Além de sua arrogância, eles têm um costume brutal e sem sentido - comum entre muitas nações do norte - o de pendurar as cabeças de seus inimigos no pescoço de seus cavalos quando retornam da batalha, e de pregá-las como exibição em suas portas quando chegam em casa."

Narração de Tito Lívio (séc. I a.C) (23.24) :

(216 a.C) " Póstúmio morreu lutando com todas as suas forças para não ser capturado vivo. Os gauleses despojaram-no ao mais sagrado de seus templos. Lá ela foi limpa e o crâneo nu foi adornado com ouro, de acordo com o costume deles. Foi usado desde então como um vaso sagrado em ocasiões especiais e como uma taça ritual por seus sacerdotes e oficiais do templo."

Narração de Eudoxo de Rodes (fim do séc. II a.C) (via Eliano, "Sobre os Animais", 17.19):

"Eudoxo diz que os celtas fazem o seguinte ( e, se alguém pensar que seu relato é crível, deixai-o acreditar; se não, deixai-o ignorá-lo). Quando nuvens de gafanhotos invadem seu país e danificam as colheitas, os celtas evocam certas orações e oferecem sacrifícios com feitiço a pássaros - e os pássaros ouvem essas orações, chegam em bando e destroem os gafanhotos.  Se, entretanto, um deles capturar um desses pássaros, sua punição, de acordo com as Leis do país, é a morte, Se ele for perdoado e libertado, isso enfurece os pássaros e, para vingar a ave capturada, eles não respondem se forem chamados outra vez."


domingo, 8 de julho de 2012

Sobre a Pré-história & História: O homem pré-histórico e suas descobertas.


Sobre a Pré-história & História: O homem pré-histórico e suas descobertas.

Nascimento da religião na pré-história
Período Paleolítico - 35.000 a 8.000 a.C
No final da fase Neanderthal, é possível encontrar a primeira evidência de práticas ritualísticas através dos "enterros", supostamente um rito fúnebre. Talvez não seja possível provar essa evidência religiosa, mas é possível perceber uma "preoculpação com a morte" e com o que acontece com o pós-morte. É bem possível que o homem desse período estivesse se questionando sobre a morte e o que veria d´pois dela. Será que foi nesse período que o homem descobre um mundo paralelo ou melhor dizendo uma existência paralela? Poderíamos levar em consideração a influência externa, o homem de um período anterior a glaciação descobre o fogo ("algo sobrenatural"), o desconhecido que passa ser "venerado" ou respeitado como algo que lhe traz benefício ("benção sobrenatural").
A vitória foi alcançada e logo o mesmo aprendeu a habilidade do fogo, o domínio sobre o mesmo que lhe servil para sobrevivência no período de glaciação e também para cozinhar ou assar alguns alimentos em geral animais que foram caçados. O fogo uma "benção dos deuses". O homem pré-histórico associou mais tarde as forças da natureza com divindades, uma prova disso vem através das representações artísticas de períodos tardios, quando o Homo sapiens sapiens descobre o sagrado na natureza e passa a cultua-lo. Existem representações cheias de conotações religiosas, impregnadas de práticas xamânicas, onde nessas imagens homens se vestem com peles de animais caçados. Os movimentos representados parecem conotar "dança ritual e êxtase" associado a caça. Quase sempre nesse mesmo tipo de representação existem animais ao redor deste "sacerdote" vestido com pele de animal, em algumas é possível encontrar outros homens junto com este "caçando" ou talvez imitando a "caçada selvagem". O período pré-histórico é marcado pela luta por sobrevivência e pela "fertilidade" da tribo. Uma vez que a taxa de mortalidade é muito alta nesse período, devido os caçadores-coletores saírem para suas "caçada-selvagem" e poderem não retornar por conta dos perigos pelo caminho, levando em consideração a disputa, a luta contra o animal e eventuais dificuldades pelo caminho. Provavelmente o homem pré-histórico, antes da caçada, mantinha relações sexuais com as mulheres, para que dessa continuidade a tribo. Existe uma forte relação de a mulher e o feminino ter sido exaltado como divindade, pois no paleolítico o homem, via o sagrado no feminino, a mulher dava luz as crianças e estes não sabiam que eram eles que "fertilizavam as mulheres" bem provável os homens da tribo só conheciam o prazer sexual e não relacionava isso ao ato de sua participação na geração de outro ser. As representações do paleolítico revelam um suposto culto ao feminino, onde em tais representações, ha imagens femininas, com seios fartos, ventres e coxas exagerado conotando uma gestação. é curioso perceber que em tais representações a cabeça e o rosto não são revelados, só é dado importância ao ventre, os seios, a coxa e vagina. Essas imagens conotam certamente um culto a natureza feminina. Forças da natureza que protegem fecundidade, que só mais tarde foi reconhecia a participação masculina. Em alguns casos, tias representações estão rodeadas de animais. Isso significa existir relação dessas "deusas-mães" da fertilidade com os animais e caçada.
Entende-se que nesse período, o homem via o sagrado centrado na figura feminina.
Estas estatuetas e representações, são chamadas de "venus", desse período são datas as "vênus de Willendorf" (Austria), "vênus de Lespugue" (França), "vênus da Trácia" (mediterrâneo) e "vênus do Nilo" (Egito).

No período da glaciação, o homem se expande pelos continentes, chegando as Américas através do "estreito de Bering".
Há 12.000 anos ocorre a desglaciação (supostamente o dilúvio); após a desglaciação as Américas ficam separadas dos outros continentes.


Final do Paleolítico _ Paleolítico Superior à 10.000 anos.

A medida que a temperatura foi aumentando, surgia a vegetação nos desertos que rodeavam o equador, surgindo bosques e pradarias ricos em recursos vegetais e animais. Período muito propício para agricultura. Graças à melhoria do clima os caçadores-coletores conseguiram se transferir para latitudes que durante milênios tinham sido absolutamente inóspitas, e as comunidades do mundo pós-glacial foram abençoadas com tal fertilidade dos campos, consequentemente isso levou a busca pelo desenvolver do aproveitamento desses recursos naturais disponíveis agora.
A mais importante destas novas adaptações ao meio. que iria transformar a face da terra, foi a doção da agricultura como meio de vida e sobrevivência. Para o homem do final do paleolítico, agricultura era então uma "dádiva divina". É desse período os vestígios mais acentuados do culto à fertilidade da terra, dos animais e da tribo. Provavelmente é nesse período que nasce a "religião" centrada na terra, devido e esse avanço e reconhecimento de maiores possibilidades. Particularmente as deusas-rios são introduzidas na religiosidade dessas tribos. Seria bom ter como referência a "vênus" novamente, pois algumas delas foram encontradas em rios ou próximas a rios, como a "vênus de Willendorf", encontrada no rio Danúbio.             Tal nome me faz lembrar Danna, ou até mesmo Diana. Seria então esse culto, relacionado a deusa-rio, que mais tarde chegou a Irlanda como Danna? Teriam os Tuarthas Dé Dannan, uma origem no Danúbio? Uma vez que o mesmo culto também esta relacionado a água do rio que fertiliza a terra, Talvez não tenha sentido essas suposições, devido os proto-celtas serem de um período bem posterior, mas o culto a terra e a água eram antigos, e tais elementos estão intimamente relacionado a fertilidade e sobrevivência da tribo. Talvez seja nesse período que foi iniciado tal culto, um culto-raiz a deusa Danna. O nome Danúbio, realmente parece fazer referência a Danna, embora num período mais tardio.


Neolítico 8.000 a 4.000/ Início da Historia por volta de 3.200 a.C


Nesse período ocorre a "Revolução Agrícola", quando o homem sedentário desenvolver as técnicas agrícolas levando a um salto tecnológico. Surgindo um anova forma de entender e de se relacionar com o entorno ( a natureza e a fertilidade que lhe rodeava). A natureza como mãe, passou a ser observada com respeito, acentuando o sentimento sagrado com a "matre-natura". Para eles não foi suficiente apenas compreender, agora era necessário transforma-lo. A agricultura se desenvolveu de forma independente em diversas zonas do mundo, tão distintas entre elas.
Adaptação e flexibilidade eram as aliadas de cada comunidade tribal do neolítico. Oriente médio por volta de 8.000 a.C; na China por volta de 6.000 a.C; e na Mesoamérica ao redor do 7º milênio.

5.000 a.C _Surgimento da metalurgia, com o uso de metais para confeccionar objetos, desenvolvimento de técnicas metalúrgicas.
4.000 a.C _ O crescimento das aldeias devido o aperfeiçoamento da agricultura graças a metalurgia, leva a primeira "revolução urbana".
3.200 a.C _ Primeiros indícios da escrita, levando ao período conhecido como "História". Sumerianos criam a escrita cuniforme. Por volta de 3.100 a.C, os egípcios criam fonemas (sons) aos símbolos escritos. "Mas foram os Fenícios que criaram, pela primeira vez, em 1.100 a.C, um greupo de símbolos em que cada um deles representa um som diferente da límbua.            O alfabeto fenício tinha 22 sinais."


Historia: Idade do Bronze tardia 2.000 a 1.000 a.C

- Adoração do sol na Europa setentrional ( Sol visto como uma deidade feminina, antigos germânicos se referiam a " Frau Sonne")
- Oferendas votivas em pântanos de turfa.
- a sociedade egípcia, já muito desenvolvida, vivia o primeiro período intermediário (2.181-1.841 a.C), até o início do 3º período intermediário (1.750-1.080 a.C).
- Formação da Grécia (2.000-1.200 a.C)
- Protoceltas da cultura Urnfield ( 1.200-700 a.C) vestígios dos ancestrais célticos no sul da Alemanha, nos Alpes Suíços e na Tchecoslováquia.

Idade do ferro 1.000 a 100 a.C

- 753 a.C início da civilização romana (Realeza romana durante 753-509 a.C).
- Ascenção celta no período Hallstatt 700 a.C e surgimento das primeiras civilizações nórdicas e germânicas.
-509 a.C início a república de Roma.
-500 a.C início da cultura La Téne (ultimo período da formação dos povos celtas). Surgimento na proximidade do rio Reno (Holanda e Bélgica), espalhando-se pelo leste europeu até a Hungria e a Suiça, e para o Oeste até a França, Grã-Bretanha, Espanha e Portugal (Celtíberos).


Autor: Phênix Belgae (Leandro Bruycker)_Pesquisador de cultura celta e religiões pagãs.